Temos 7 anos para fazer a melhor Copa de todos os tempos!!
Nossos estádios serão melhorados e modernizados, outros serão construídos. Investimentos em infraestrutura serão feitos pelos governos nas três esferas. A iniciativa privada se envolverá nos grandiosos projetos de preparação. O turismo será intensificado. A Economia crescerá e beneficiará mais gente. O Brasil vai se preparar para receber todos os visitantes internacionais. Nossa seleção vai jogar bem, será campeã pela 6a vez. A auto-estima do brasileiro subirá nas alturas e seremos felizes para sempre!... Não é uma maravilha?
Óbvio que não estou comemorando.
A gente não pode misturar as coisas e se recusar a sediar uma Copa do Mundo, pro exemplo, baseando-se nos discursos de sempre sobre a desigualdade social do país etc etc. Até porque, uma Copa do Mundo, uma prova da Fórmula 1, uma Olimpíada, uma Parada Gay, um Carnaval além das inúmeras Feiras e Congressos que são realizados durante todo o ano em São Paulo movimenta economicamente a cidade - muitas vezes várias cidades, como no caso da Copa e da Olimpíada. Isso de uma ou outra forma, acaba criando empregos, mesmo que temporários para muita gente.
O que me irrita é esse ufanismo barato e essa onda de euforia que percorre a mídia e o país hoje com a possibilidade de realização de evento desse porte. Imagine uma Olimpíada? Quem não se alegra e se vangloria com isso será tachado de mau humorado e pessimista.
Foi só o anúncio ser oficializado que uma série de eventos em esquema de dominó já começaram a acontecer:
- o São Paulo anunciou construção de mais de 4000 vagas de estacionamento, além de outras obras de adequação do Morumbi;
- a prefeitura e o governo do estado apressaram-se em anunciar a conclusão da linha amarela (ao menos até a estação Morumbi) para 2013, antes do início da Copa.
- uma linha expressa de trem deve passar a operar entre o Aeroporto de Cumbica e a cidade de São Paulo
- hotéis, restaurantes e outros estabelecimentos já pensam em treinamento de pessoal para um receptivo de melhor qualidade e alteração de seus planos de negócio para um turismo diferenciado.
Quem vive na cidade de São Paulo não pode deixar de ver o ritmo das obras públicas como anda: muito lento e algumas até paradas. Então deveria ao menos se perguntar: a população que habita a cidade e a sustenta não merece esses investimentos e melhorias? Os turistas, que trarão lucros para determinados setores é que precisam ser bem recebidos? Quem aqui mora que mude-se se não estiver satisfeito? Com as outras cidades, provávesi sedes de jogos, as questões são as mesmas.
Mas espere, nem tudo é tão ruim assim! Até o povão da perifa sairá lucrando: haverá muitos carros para guardar e muitos bicos para fazer...Assistir aso jogos? Se estiver em trabalho voluntário vai dar pra dar ma espiadinha. Caso contrário só pela TV, se for transmitido. Mas vai ser em sinal analógico, em TV de 29 polegadas comprada no carnê, porque a transmissão digital ainda não será popular a esse ponto. E TV de LCD não é pra pobre, convenhamos.
Panis et circensis
E a gente tem que aguentar a Comitiva da Alegria e suas frases marcantes, ditas na tarde de hoje em Zurique.
Abaixo a do presidente Lula:
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira em Zurique, na Suíça, que o país "fará uma Copa para argentino nenhum botar defeito".
E essa nem foi a pior hein!?
Pra ser melhor que isso só se o Brasil perder na final pro Uruguai de 2x1 no Maracanã, onde certamente acontecerá a final.
Em tempo
Gostei do texto do Juca Kfouri que, apesar de ser totalmente a favor da Copa (e eu não sou totalmente contra), escreve com equilíbrio sobre o evento.
30/10/2007 - 19h17
"Vôo da alegria" é prenúncio da disputa por sedes e privilégios
O "vôo da alegria" de políticos brasileiros com destino a Zurique, na Suíça, foi um prenúncio de que haverá uma intensa batalha política entre os Estados pelas sedes e por privilégios durante a Copa do Mundo de 2014.
Esta é a opinião do jornalista Juca Kfouri, colunista do UOL News, que comentou a escolha do Brasil para sede do Mundial nesta terça-feira. Leia abaixo os principais trechos:
"Eu vou falar primeiro das coisas que gostei. Gostei, por exemplo, da promessa brasileira de fazer uma Copa ecológica, é mais uma coisa pra gente cobrar, que respeitaremos o meio ambiente nas obras para a Copa do Mundo. Gostei do presidente da Fifa fazendo uma crítica muito clara em relação ao Brasil ter se transformado em um país exportador de pé-de-obra, ele acha que isso precisa acabar, nós também achamos".
"E achei muito ruim a arrogância do Ricardo Teixeira ao responder à pergunta de uma jornalista da Associated Press sobre a violência no Brasil. Quando ele respondeu que nos Estados Unidos, no Canadá e na Inglaterra também tem violência, eu fiquei me perguntando se a Copa do Mundo vai ser no Brasil, nos Estados Unidos, no Canadá ou na Inglaterra. Sem dizer que ele pegou episódios absolutamente ímpares, como tiroteio em escolas nos Estados Unidos, a agressão de policiais à delegação chilena na Copa sub-20 no Canadá, ou até mesmo a morte do brasileiro em Londres, como se isso caracterizasse a política de segurança desses países, quando a gente sabe que não".
"O que me preocupa é que estamos diante de um imperador, e de um imperador que foi apoiado pelo presidente da República e mais 13 governadores numa festa, numa farra, num "vôo da alegria" jamais visto pela Fifa".
"Nós tivemos lá hoje dois governadores que são, ninguém pode jurar que não venham a ser, possíveis presidentes do país em 2010, os tucanos José Serra e Aécio Neves. Tivemos lá também o governador de Pernambuco, que alguma coisa de muito grave aconteceu com ele, pois foi um dos deputados mais combativos na CPI da CBF/Nike e estava lá de braços dados com o presidente da CBF, que era o principal investigado de então. A única justificativa para tamanha comitiva de governadores e ministros, tínhamos três lá, é que essa viagem foi o prenúncio do que será a batalha política e a batalha por privilégios para os seus Estados nesta Copa do Mundo".
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