E se eu quiser gastar uma nota com conversor de TV digital?
Ninguém jamais poderá acusar o ministro das Comunicações, Hélio Costa, de medir demais as palavras. Na novela dos conversores, ele está mandando ver.
Veja só as declarações que a Folha de S. Paulo reproduz hoje: “ “Eu não aconselho a comprar (o mais caro) porque deve falar com seres extraterrestres, deve ter alguns parafusos de ouro, alguma coisa de platina.”
Às vésperas da estréia da TV digital, os conversores estão custando algo entre 599 e 1099 reais. Menor preço, versão analógica. Maior preço, digital. O ministro anda inconformado com esses patamares, e mira em 200 reais. Sonha com os conversores nas casas do povão. A indústria esperneia contra as broncas oficiais, e teme perder vendas com as queixas.
Vida de early adopter é dura mesmo, ministro. Quem compra qualquer produto de tecnologia na primeira hora paga mais – e três dias depois, uma semana depois, um mês depois, vê os preços começarem a baixar. Seis meses depois, o que era caríssimo fica acessível. Aí é a hora de a massa dos consumidores entrar em ação.
O que acontece com conversores, no momento, é o que acontece com qualquer coisa em tecnologia – dos processadores às placas de vídeo, das TVs aos smartphones. É a economia de mercado em ação, jogando cruelmente com a ansiedade dos fanáticos por tecnologia.
Deixados em paz, os preços dos conversores vão seguir a mesma curva dos outros produtos de tecnologia: sempre para baixo. Talvez seja o caso de o ministro se unir aos early adopters e fazer a mesma coisa: segurar a ansiedade.
fonte: blog de Sandra Carvalho, editora de Info Exame.
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