sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Corregedora é afastada após criticar jovem presa com homens

A Secretaria da Segurança do Pará afastou quinta-feira (6) a delegada corregedora Liane Martins da investigação que apura a atuação dos policiais que colocaram a adolescente de 15 anos em uma cela com homens em Abaetetuba (PA). A decisão ocorreu no dia seguinte à Folha publicar entrevista em que a delegada minimizava a culpa dos policiais e jogava a responsabilidade dos abusos sofridos pela menina na própria garota.
Ela afirmou que os policiais foram "levados ao erro". "Eles têm responsabilidade, alguma negligência houve, mas não é o caso de demissão", disse.
Liane Martins presidia o inquérito desde 22 de novembro e já havia tomado mais de 40 depoimentos, entre eles o da garota, dos pais biológicos, de conselheiros tutelares, delegados, escrivães, agentes prisionais e 17 presos.
Ontem, a secretária da Segurança, Vera Tavares, afirmou que a delegada fez um prejulgamento antes de concluir o inquérito. "Na reportagem da Folha ela emitiu juízo de valor sobre o procedimento fazendo um prejulgamento, que, no meu entendimento, só vem no final do devido processo legal. Para não contaminar o processo e para ter imparcialidade, optamos pela substituição."
Tavares disse que o afastamento foi informado à governadora Ana Júlia Carepa (PT) e ao delegado-geral interino da Polícia Civil, Justiniano Alves.
Liane Martins foi substituída pelo delegado Roberto Queiroz. Ela afirmou, ainda, que os depoimentos já tomados por Martins não foram prejudicados porque a Promotoria acompanha a investigação.
Para a secretária, algumas declarações da delegada minimizaram os abusos. Na entrevista, ela disse que, segundo depoimento dos presos, apenas um abusou sexualmente da menina. Esse preso, Beto Júnior Castro da Conceição, foi solto em 13 de novembro --ontem, deputados da CPI do Sistema Carcerário pediram à Promotoria que solicite à Justiça a prisão temporária dele.
Segundo Martins, a adolescente disse a delegados ser maior de idade.
Tavares criticou a insinuação feita pela delegada sobre algum problema psíquico da garota. Há uma semana, o então delegado-geral, Raimundo Benassuly, pediu demissão após chamá-la de débil mental.
Outro lado
A delegada Liane Martins afirmou ontem que declarações dadas à Folha foram deturpadas. "Tem algumas colocações que foram deturpadas. Eu não minimizei a culpa dos policiais. Por conta disso [da entrevista], o delegado-geral mandou eu me afastar da apuração e designou outro delegado para presidir", disse.
A entrevista, feita na terça, na Corregedoria da Polícia Civil, em Belém, foi gravada.
Ela disse que recebeu o comunicado do afastamento do caso do delegado-geral interino da Polícia Civil, Justiniano Alves e que não questionará a decisão. "Eu tenho que acatar. Prevaleceu a imprensa. Ele [o delegado-geral] nem me chamou para perguntar se aquilo era verdade ou não", disse.



fonte: http://www.folhaonline.com.br/




Quem já deu alguma entrevista sabe que, na maioria das vezes, o resultado fina publicado será enviezado pelo jornalista. Infelizmente é assim. Não deveria sê-lo, mas é. Portanto, pode ser bem verdade que as falas da juíza corregedora tenham sido distorcidas na reportagem. Mas ainda fica a responsabilidade dela em dizer o que disse, tenha sido distorcido ou não. Caso a reportagem tenha "inventado" falas, cabe um processo. Caso a interpretação do jornalista tenha prevalecido, cabe se conformar e tomar cuidado da próxima vez. Principalmente nos dias de hoje, a mídia tem tido um apetite voraz por notícias que causem abalo e gerem polêmica. Isso muitas vezes a preços pra lá de quaisquer...
O fato é que a menina, por inúmeras razões, não pode ser colocada no lugar dos verdadeiros culpados: os "adultos", os "instruídos", os "responsáveis"...

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